Reabilitação dos
prédios da Rua do
Facho 35 e 19

Os prédios situados no Centro histórico de Óbidos nos lotes nº 35 e 19 da Rua do Facho foram construídos em alvenaria de pedra, (paredes exteriores espessas) e cobertura de várias águas no primeiro quartel do século XX, época em que se prolongavam as características tardo-românticas, ecléticas e revivalistas, na arquitetura residencial, e no quadro de um modo de construir com base em materiais tradicionais.

 

Deste modo, exibem de um modo formalista e decorativo alguns dos elementos entendidos como caracterizadores da tradição portuguesa da construção: paredes de alvenaria caiadas, cobertura ampla em telha, com beiral e vãos moldurados em pedra.

 

As casas encontravam-se devolutas e num avançado estado de degradação. Os únicos elementos que permaneceram foram, no nº35 a fachada principal, muro contíguo e muro posterior, e no 19 as paredes exteriores e muros dos logradouros.

 

Em ambos os projetos a construção, os detalhes e materiais respeitaram a linguagem existente, tendo as alterações pretendido contribuir para a melhoria das condições de habitabilidade.

Rua do Facho 19

Este projeto propôs a recuperação das fachadas, da morfologia da cobertura e das paredes interiores estruturais mantendo integralmente a volumetria existente. Permanecendo o uso habitacional, propôs-se a alteração para quatro apartamentos tirando partido das diversas entradas existentes e com o pressuposto de dar especial atenção à imagem e integração na envolvente.

 

De forma a valorizar este conjunto, manteve-se as diversas entradas existentes nas três frentes que possibilitaram, também, a adaptação ao novo programa de ocupação pretendido. Foram criados quatro apartamentos, três T1 e um T0. Um dos apartamentos T1 têm entrada na fachada principal e os outros dois têm acesso pelos respetivos logradouros a Norte. A entrada para o T0 é feita a Sul.

 

Individualizou-se, assim, os espaços de chegada e diversificou-se as relações com os espaços exteriores adjacentes. No volume mais pequeno, na fachada Sul, abriu-se um pequeno vão de forma aumentar a área de entrada de luz e de ventilação que era bastante reduzida.

No antigo anexo foi instalada uma área de apoio para lavandaria e arrumos. Foi construída uma nova cobertura com isolamento térmico e estrutura de madeira revestida a telha cerâmica de canudo de barro vermelho. A caixilharia foi substituída por nova, igualmente em madeira pintada em cor idêntica à existente e a chaminé foi recuperada.

 

Nos muros foram restaurados os elementos em pedra e reparados os paramentos rebocados com revestimentos à base de cal e foram executadas novas casas de banho com dimensões e acabamentos adequados aos atuais padrões de conforto.

Rua do Facho 35

Na Rua do facho 35 propôs-se a reabilitação com manutenção e recuperação da fachada principal, das empenas, dos muros existentes, e do jardim com diversos níveis, procurando valorizar os temas mais “fortes”, os que não tinham fronteiras cronológicas e que permitiam a articulação com a vivência atual.

 

Mantendo o uso habitacional, propôs-se a alteração para tipologias que se consideraram adequadas ao sítio e à exploração para alojamento local, tendo o programa proposto dado uma especial atenção à imagem e integração na envolvente, tirado partido das características morfológicas e tipológicas, reforçando a importância do logradouro escalonado e da respetiva entrada independente pela Rua.

 

As alterações propostas permitiram configurar um pátio de entrada que funciona como um segundo filtro em relação à Rua e que dá acesso a um jardim comum que faz a distribuição para as cinco unidades de alojamento local, uma piscina e para a parte superior do jardim a qual se acede numa “escalada” pela rocha existente, tendo como pano de fundo a muralha de Óbidos.

De forma a valorizar a riqueza deste conjunto, mantiveram-se as duas entradas na fachada principal, que foi preservada e dá acesso a 2 frações diferentes (uma no piso térreo e outra no piso 1), e acrescentaram-se acessos ao jardim, permitindo diversificar os percursos e consequentemente as relações com a envolvente.

 

Na recuperação da fachada pré-existente foram restaurados os elementos em pedra, reabilitadas as caixilharias exteriores em madeira e os paramentos com revestimento à base de cal.

A linguagem existente foi mantida e, como tal, a nova estrutura do piso é em madeira, as paredes exteriores em alvenaria, com revestimento à base de cal, os caixilhos em madeira e as coberturas em telha canudo. A estrutura em madeira ficou visível no interior conferindo o conforto característico deste material. O corpo junto ao muro é o único com cobertura plana ajardinada por se pretender que pareça um espessamento do muro. A piscina, implantada a uma cota intermédia entre a Rua e o caminho junto á muralha, ficou encostada ao plano de rocha, deixando-a mergulhar na água.

 

MARIA VLADIMIRA CARVALHO

Fale connosco!








Deixe a sua mensagem para que o possamos ajudar.